quarta-feira, maio 27, 2020

 Acácias

nem crítica, nem poema
a partir das Acácias de Daniel Arelli

Que som 
ela no jardim
- entre tantas
acácia 
agora sei
acabo de vê-la
meus olhos frios
seu amarelo quente
volto ao poema
ele me joga
para outro
para Parra
na repetição 
da ideia
uma diferença
então Parra
e Daniel
trazem
- só para mim? 
uns bolinhos franceses

quinta-feira, maio 07, 2020


se as coisas pensam, o que é que pensam? como alcançar o pensamento das coisas? as coisas pensam como nós (nós quem?). eu penso em pão, beijo, mar. e as coisas? elas decerto não pensam nada disso. posso forjar um chapéu pensante, mas para falar como um chapéu tenho que me livrar de minha lingua. será que devo cortá-la? ainda assim pensarei com a língua cortada. se eu bater minha cabeça muitas vezes na parede pensarei como um chapéu? certamente não, mas é fato, o que pensará minha cabeça rachada será outra coisa.

sábado, maio 02, 2020

Nunca Esquecer:




JANELA

I

Da janela ainda podem ser vistos
os telhados
também a fumaça
impregnada de pão

II

Quando os low-rise, os high-rise buildings
limparem essa visão
ó, serão tão altos
os edifícios

III

Procura desesperadamente os retalhos
o que vai fazer falta
serão
aquelas telhas quebradas

IV

A janela na rua
dois irmãos está entreaberta
chove fino
coloca a cara para fora do dia que chove fino
seguros estão este dia esta ilha
para os dias futuros a mistura
de ar
água
alegria

V

Penetra o quarto
a enorme presença da mata
ilusão de floresta
_______________
o que existiu
o que não existirá

4 CORDAS

As frases
que dizem
seus olhos
baixos
carregam o ar
de suspeitas
premonições
encosto o ouvido nesse espaço
para tocar o tempo